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O cardeal Robert Francis Prevost foi eleito nesta quinta-feira (8) como o novo líder da Igreja Católica, adotando o nome Leão XIV. A escolha é uma homenagem direta a dois papas históricos que marcaram a trajetória da Igreja: São Leão Magno (Leão I), reconhecido como Doutor da Igreja, e Leão XIII, o pontífice da Rerum Novarum, a encíclica que inaugurou a Doutrina Social da Igreja.
O nome “Leão” tem uma história profunda na Igreja Católica. São Leão Magno (440-461) foi o primeiro papa a adotar esse título, conhecido por sua liderança espiritual e diplomática em um período de crise. Ele é lembrado principalmente por sua intervenção decisiva diante de Átila, o Huno, em 452, quando convenceu o líder bárbaro a não invadir Roma. São Leão também foi fundamental na definição da doutrina cristológica do Concílio de Calcedônia (451).
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O último papa a adotar o nome “Leão” foi Leão XIII (1878-1903), conhecido por sua visão inovadora e por buscar o equilíbrio entre a tradição da Igreja e os desafios da modernidade. Seu pontificado é marcado pela publicação da encíclica Rerum Novarum (1891), que abordou questões sociais e trabalhistas, estabelecendo os princípios da Doutrina Social da Igreja, que até hoje orienta a atuação da Igreja em questões econômicas e sociais.
Leão XIII foi um papa visionário que reconheceu a necessidade de a Igreja se posicionar frente às questões sociais emergentes. Em uma época de revoluções industriais e urbanização acelerada, ele viu a urgência de proteger os direitos dos trabalhadores e promover a justiça social. A Rerum Novarum defendeu o direito ao trabalho digno, a um salário justo e à organização sindical, estabelecendo as bases morais para a atuação da Igreja em temas sociais.
Leão XIII foi o responsável pela “fundação institucional e teórica da Doutrina Social da Igreja”. Seu papado também foi caracterizado pela restauração do tomismo, o pensamento filosófico de Santo Tomás de Aquino, como base para a teologia católica, reforçando o compromisso da Igreja com o estudo e a formação intelectual.
Além disso, Leão XIII foi o primeiro papa a aceitar pragmaticamente a perda dos Estados Pontifícios, optando por concentrar o poder da Igreja na autoridade espiritual e intelectual, em vez da autoridade política. Esse enfoque permitiu que a Santa Sé restabelecesse relações diplomáticas com diversos países, expandindo sua influência internacional.
Ao adotar o nome Leão XIV, o novo papa Robert Prevost parece buscar um equilíbrio entre a tradição e os desafios modernos. Com uma trajetória marcada pela atuação missionária no Peru, pelo comando do Dicastério para os Bispos e por sua proximidade com o papa Francisco, Leão XIV herda o simbolismo de liderança espiritual e compromisso social de seus antecessores.
Sua escolha é vista como um sinal de continuidade com o legado de Leão XIII, reforçando o papel da Igreja como defensora da justiça social e da dignidade humana em um mundo marcado por desigualdades.